CODEX nº 12 – Todo carnaval tem seu fim
Quer acompanhar o que acontece no mundo das startups e do venture capital no Brasil mas não tem tempo? O CODEX combate essa sensação de que você está perdendo alguma coisa com um compilado do aconteceu nesse mercado que chega à sua caixa – essa semana, excepcionalmente na quarta-feira.
Antigamente se dizia que o ano no Brasil só começava depois do Carnaval. Mas acho que já podemos, oficialmente, colocar isso no retrovisor. O país começa sim a funcionar em 1º de janeiro!
Talvez esse ano a gente esteja levando alguns sustos, isso sim, na volta do Carnaval. Primeiro caso do novo coronavírus confirmado no país, dólar em alta, bolsa em queda de quase 5%. Vamos ver quanto tempo ESSA ressaca vai demorar para passar!
Sorte que a newsletter atrasou um pouco e veio mais longa essa semana. Assim você tem uma distração a altura para se distrair um pouco de tudo isso daí.
Bom resto de semana e boa leitura!
Tempo estimado de leitura: 18 minutos
Pagamentos instantâneos
Dentro de seus esforços para dar mais dinamismo e competitividade ao sistema bancário brasileiro, o Banco Central lançou o Pix, um sistema que permitirá fazer pagamentos e transferências de dinheiro sem ter que esperar alguns minutos (como no caso do TED) ou dias (como no DOC ou na compensação de boletos). As operações ainda poderão ser feitas sem restrições de dia e horário.
Todas instituições com pelo menos 500 mil contas ativas terão que adotar o sistema (cerca de 30 nomes) a partir de 16 de novembro. Quanto as transações com o Pix vão custar e como serão feitas só ficará claro depois do início da operação.
Tá, mas e daí? A expectativa de queda nos custos das transações é uma boa notícia para os consumidores e para a economia, já que tende a dar mais dinamismo ao fluxo de dinheiro e reduzir preços, já que ganhos podem ser repassados - talvez evitar altas futuras aconteçam seja um cenário mais plausível. As fintechs certamente vão abraçar essa opção com uma forma de se diferenciar dos bancos tradicionais. Formas alternativas de pagamento, como os QR codes, que têm se multiplicado pelo varejo pelas mãos de diferentes perfis de companhias, também devem ganhar um impulso extra.
Mais roxinhos = mais prejuízo
O Nubank fechou o ano de 2019 com crescimento de receita, clientes e do prejuízo. O neobank registrou receita bruta de R$ 2,1 bilhões, crescimento de 1,9 vezes, com uma base de clientes de 19,7 milhões, expansão de 3,3 vezes (média de 40 mil novos clientes por dia).
A expansão custou (bastante) dinheiro. O prejuízo chegou a R$ 312,7 milhões, contra R$ 100,3 milhões de 2018. “Nosso resultado líquido é diretamente ligado ao nosso ritmo de crescimento: escolhemos investir, crescer e oferecer serviços a mais pessoas”, escreveu a companhia em seu blog.
Tá, mas e daí? O Nubank tem feito um bom trabalho na conquista de clientes. Mas por ainda ser uma marca em desenvolvimento, precisa gastar muito na aquisição de cada um deles. Além disso, sua oferta de produtos ainda é limitada, o que reduz as opções de ganho com o que os bancos mais sabem usar para lucrar: a diferença entre o que ele ganha e o quanto ele “paga” pelo dinheiro em forma de remuneração aos correntistas, o famigerado spread bancário.
Hora da entrega
A Loggi fez um ajuste de suas operações que resultou na demissão de 120 pessoas – sendo 60 em São Paulo.
A companhia, que se tornou um unicórnio em junho ao anunciar um aporte de US$ 150 milhões em rodada liderada pela SoftBank, é mais uma do portfólio do grupo japonês a fazer ajustes em sua operação.
Na época do aporte, a Loggi dizia ter 700 pessoas e que queria chegar a 1,5 mil em pouco tempo – com uma equipe com mais de mil desenvolvedores. No começo do ano passado a companhia disse ter atingido o equilíbrio financeiro em agosto de 2018.
Em nota, a companhia disse que as demissões eram necessárias para “seguir com eficiência e foco em suas áreas de atuação” e que continuava contratado, principalmente na área de tecnologia, e em seu escritório recém-aberto em Portugal.
Tá, mas e daí? Ajustes em empresas de alto crescimento são surpreendentes e até mesmo contraintuitivos, mas fazem parte do jogo - a não ser que o corte seja de 50% como no caso da Grwo, daí é um sinal de que a coisa saiu dos trilhos, mesmo. Na medida que avançam, as startups fazem coisas manualmente. Depois passam por um processo de automação de atividades (o Organizações Exponenciais, do Salim Ismail trata bem disso). Quem perde sua função poderia ser – e na maioria das vezes é - aproveitado em outras funções. Mas no cenário de correção de rota de um de seus principais acionistas, fazer ajustes também parece ser uma opção da qual não dá para escapar.
Rodadas de investimento
O Transformação Digital, portal de conteúdo transformado em startup de transmissão de eventos pela internet, levantou uma rodada de R$ 5 milhões de investidores não revelados para financiar a realização de 30 eventos em 2020 – 3x mais que em 2019.
A Facio, fintech de crédito para funcionários de empresas, recebeu um aporte de R$ 6 milhões (pre-seed) da aceleradora Y Combinator e dos fundos Onevc e Monashees para começar a operar. No fim de março, a companhia pretende fazer uma nova rodada (seed).
A Bloxs Investimentos, de investimentos coletivos em ativos reais (por meio de dívida ou equity), recebeu um aporte de valor não revelado da Domo Invest e planeja crescer 10 vezes nos próximos 3 anos.
A e.Bricks, de Pedro Sirotsky Melzer, liderou uma rodada de investimento na Conexa Saúde, de telemedicina. É a quarta companhia a receber aporte do terceiro fundo da e.Bricks, de R$ 450 milhões.
O BTG Pactual comprou 20% da CredPago, que oferece fiança para locadores de imóveis.
As agritechs Pomartec, que ajuda fruticultores a trabalhar com mais assertividade, e Skydrones, de drones de pulverização, estão com rodadas de captação abertas no CapTable, a plataforma de equity crowdfunding da StartSe. A expectativa é arrecadar um total R$ 2,6mi em 90.
O Distrito Ventures, braço de venture capital da Distrito, e alguns investidores e fundos não revelados, fizeram um aporte de R$ 12 milhões em três fintechs (sendo R$ 3 milhões do Distrito): Atta, de crédito imobiliário, seguros e garantia locatícia para corretores de imóveis e incorporadoras; BLU365, de recuperação de crédito e SuperSim, de microcrédito voltada a pessoas físicas.
A Memed, de receitas médicas eletrônicas, recebeu um aporte de R$ 20 milhões da Redpoint eventures e da DNA Capital. Os recursos serão usados para expansão da operação e busca por alternativas para rentabilizar a operação.
Outras notícias
Um grupo de quatro sócios de peso estaria se juntando para lançar um novo funcho de venture capital voltado a empresas do agronegócio e do mercado financeiro no Brasil. A ideia é levantar US$ 100 milhões e fazer cheques de series A e B. Os nomes por trás da Ozone Latam Ventures são o americano Geoffrey Prentice, cofundador do Skype e do fundo Atomico; Caen Contee, cofundador da startup de patinetes Lime; Carlos Pires, que comanda o Atomico na América Latina e Haroldo Korte, que já fez parte do Atomico.
O iFood se juntou à Zee.Dog para entregar comida (e outros produtos) também para animais de estimação, no que parece o primeiro passo do aplicativo para expandir as categorias com as quais atua.
Depois de sair da ABStartups (CODEX nº 11), Rafael Ribeiro assumiu como head de Corporate e startups da Bossa Nova Investimentos.
A Liv Up vai entrar no segmento de entregas e pretende abrir um restaurante até o fim do ano.
O Uber, que há cerca de um mês tinha dito “Adíos, Colombia”, depois de o governo do país julgar o serviço como anticompetitivo, voltou a operar no país enquadrando seu contrato de operação dos usuários como um aluguel de carro com motorista.
A 99 encomendou uma pesquisa à Fipe que indica que seu serviço rendeu à economia R$ 12,2 bilhões em 2019. A companhia, que desde a venda para a DiDi não dava detalhes sobre suas atividades, disse que não busca crescimento a qualquer custo e que já tem uma operação que funciona em patamar sustentável.
A startup indiana de hospedagem Oyo - investida da SoftBank, que como outras, está enxugando suas operações, montou, sem alarde, em pouco mais de um ano, uma rede de 450 hotéis em 40 cidades do Brasil.
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O fundo a16z listou as 100 maiores startups e companhias privadas que atuam sob o modelo de marketplace ao redor do mundo.
O segmento de healthtechs cresceu 141% em cinco anos - saltando de 160 startups em 2014 para 386 em 2019, segundo o Distrito Healthtechs Report
O Distrito também fez um levantamento que indica que os unicórnios brasileiros captaram US$ 1,4 bilhão nos últimos 12 meses e que lista a 10 empresas com maior probabilidade de chegar ao panteão dos unicórnios (Spoiler: Conta Azul, Creditas, Neon, Olist, Vtex, Resultados Digitais, Dr.Consulta, MadeiraMadeira, Buser e CargoX).
Falando em unicórnios, os 10 maiores da atualidade registraram um valor de mercado somado de US$ 546 bilhões, segundo levantamento da britânica Learnbonds.
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