CODEX 16 – It´s the end of the world as we know it (mas eu não me sinto tão bem assim)
Quer acompanhar o que acontece no mundo das startups e do venture capital no Brasil mas não tem tempo? O CODEX combate essa sensação de que você está perdendo alguma coisa com um compilado do aconteceu nesse mercado.
E aí, como vocês estão? Se quiser, desabafar, trocar ideia, não se esqueça da thread aberta na semana passada.
Por aqui estou no dia 9 de confinamento, tentando deixar de fazer as coisas no improviso e criar uma rotina para levar uma vida mais normal. O movimento na minha rua caiu bem nos últimos dias, o que pode indicar que muita gente captou a mensagem do isolamento – por opção, ou forçadamente.
Agora as discussões começam a girar em torno da real necessidade dessa medida frente aos impactos nocivos que ele tem na atividade econômica. Os próximos 15 dias serão cruciais para se achar um meio termo.
A Economist Intelligence Unit (EIU) diz que metade da população mundial vai se contaminar com o novo coronavírus, e que ela se tornará uma doença sazonal, com um novo surto esperado para o próximo inverno do hemisfério norte (dezembro a março).
No universo das startups, a semana girou muito em torno das medidas tomadas pelas companhias em algumas frentes: para proteger seus funcionários, com adoção de home office e também terceiros, como no caso de aplicativos de entrega; chamamento aos empresários para tomar ações no combate à pandemia além de oferecer seus produtos de forma gratuita.
Os anúncios de novas rodadas já deram uma baixada e a tendência é que o ritmo fique mais baixo mesmo nas próximas semanas. Não necessariamente porque menos negócios estejam sendo fechados, mas porque a comunicação deles tende a ser adiada para não ficar perdida no meio de tudo que está acontecendo.
E como nunca mais voltaremos ao normal – pelo menos não ao normal que a gente conhecia, segundo o MIT Technology Review, vamos de R.E.M.
Boa leitura e bom confinamento!
Novo coronavírus
A Loft fechou um acordo com a Rappi que dará frete gratuito em compras em farmácia e supermercado para moradores de cerca de 500 prédios onde a Loft e seus parceiros Decorati, Izidoor e Uotel atuam em São Paulo e no Rio. São mil códigos que estarão disponíveis até 29 de março.
Entre as medidas para conter a disseminação do vírus, a Prefeitura do Rio proibiu o transporte de passageiros intermunicipal por motoristas de aplicativos. O Uber diz está em contato com as autoridades locais e que vai seguir as orientações para ajudar a impedir a propagação do coronavírus.
Falando em aplicativos, Grow e Uber anunciaram a suspensão de seus serviços de patinetes.
A Buser foi na mesma linha.
Um grupo de presidentes de empresas, liderado pela Magnetis e pela Endeavor, se inspirou no movimento #StoptheSpread, e lançou um movimento para que empresários e empreendedores se comprometam no combate à pandemia. Quem quiser participar pode aderir por aqui.
O iFood vai antecipar R$ 600 milhões de recebíveis aos restaurantes cadastrados no seu aplicativo em um prazo de 7 dias sem cobrar a taxa que cobrava anteriormente, entre abril e maio. O normal sem taxa é de pagamento em 30 dias. A companhia também vai usar R$ 50 milhões para distribuir a restaurantes de pequeno porte que tenham seu fluxo de caixa comprometido pela queda na demanda por conta da pandemia.
A Rappi também reduziu o prazo de pagamento para os restaurantes: foi de 14 para 7 dias.
Tá, mas e daí? Ações de empresas em tempos de crise sempre deixam aquela sensação de jogada de marketing, tentativa de tirar proveito da situação. Mas a outra opção, não fazer nada, é simplesmente inviável neste momento. Se as startups estão aí para mudar o mundo, este é o melhor momento para fazer isso acontecer, mostrar que tudo o que se falou até agora é de verdade. Claro que essa capacidade de ação está limitada à capacidade de geração e gerenciamento de caixa neste momento. E este, talvez, possa ser um outro papel importante para as startups exercerem nesse momento: levantar a voz juntas e dizer, geramos empregos e inovação e precisamos de ferramentas para passar por isso. A SELIC já está baixa e existe liquidez no mercado. Só falta fazer com que isso se traduza em linhas de crédito acessíveis mesmo às empresas menores.
Rodadas de investimento
A healthtech Viva Bem, também conhecida como ViBe, recebeu um aporte de US$ 2,5 milhões da Webrock Ventures, fundo sueco que investe no marketplace de créditos FinanZero. Com o aporte, a companhia quer ampliar suas capacidades na área de telemedicina e também investir na parceria com o aplicativo de consultas sueco Doktor.se.
Outras notícias
O Banco Central anunciou o lançamento do BR Code, um QR Code padronizado que deverá ser usado pelas carteiras que fazem parte do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB). É uma forma de organizar a multiplicação das carteiras digitais e tornar a vida do consumidor mais simples. O prazo para adaptação é de seis meses.
O ex-CEO da Via Varejo, Flávio Dias, se tornou sócio do 500 Startups, fundo de investimento em empresas iniciantes que tem em seu portfólio mais de 40 empresas brasileiras, como ContaAzul, Olist e Quero Educação. A ideia é impulsionar os negócios no país.
A Hotmart fez uma aquisição internacional: a americana Teachable. O valor da operação não foi revelado. O negócio, que não teve valor revelado, fará com que a empresa brasileira chegue a US$ 1 bilhão em vendas de conteúdo, mais de 400 mil produtos cadastrados, 40 milhões de estudantes e vendas em 188 países.
A Vai.Car, locadora de carros para motoristas de aplicativos que não tem frota própria e concorre com a Kovi, incorporou 1,2 mil carros à sua frota. Até o fim do ano, serão 12 mil. A contratação dos novo carros está sendo financiada com uma dívida de R$ 380 milhões que a companhia captou no fim de 2019.
O que faltou na semana passada
No começo do mês o fundo Sequoia Capital, um dos mais respeitados do Vale do Silício, enviou uma carta às suas investidas alertando sobre os efeitos negativos do novo coronavírus. Spoiler: o cenário não é um pouco promissor.
O fundo QED concluiu a captação de seu sexto fundo, de US$ 350 milhões.
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A IESE Business School e a Wayra, da Telefónica, publicaram um relatório sobre o corporate venturing na América Latina.
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