CODEX - Preparem as carteiras
IPOs de tech, no Brasil; nova rodada do Nubank; Magalu compra; Avenue também; Novos fundos; Investimento anjo sob pressão em 2020 e muito mais
O CODEX é a newsletter semanal do Startups que te ajuda a combater o sentimento de FOMO com um compilado e análises do que aconteceu de mais importante no mercado na semana anterior. Toda segunda-feira pela manhã na sua caixa.
Bom dia,
O setor de tecnologia nunca teve muita atratividade na bolsa brasileira. Mas com a euforia em torno da digitalização forçada pela pandemia, as empresas começam a chamar atenção. “Tecnologia virou uma tese sexy”, diz um executivo. A ver se as atuais candidatas a ir à bolsa vai ser bem-sucedida na empreitada.
A semana passada foi bem interessante. O grande destaque foi a nova captação feita pelo Nubank que avaliou a fintech em mais de US$ 10 bilhões - e que você ficou sabendo em primeira mão aqui no Startups.
Mais para o meio da semana vocês vão ficar sabendo do próximo webinar do Startups. Fiquem ligados.
Boa leitura e boa semana.
Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe
Tem alguma dica e quer passar pra mim sem se identificar? Me manda um e-mail. O sigilo da fonte é garantido.
IPO em vista
A Mosaico, dona dos sites Zoom, Bondfaro e Buscapé, entrou nesta semana com um pedido de abertura de capital na B3. O prospecto preliminar não indica o valor das ações, mas informa que a expectativa é levantar R$ 340 milhões em uma oferta primária. O valor pode ser muito maior evando em consideração a venda de participação dos atuais sócios (oferta secundária), apurou o Startups.
Tá, mas e daí? A Mosaico foi a primeira companhia do setor de tecnologia a apresentar seu prospecto de abertura de capital, mas a lista de candidatas a ir para a bolsa tem mais nomes. Anos 1990 all over again? Leia os detalhes aqui.
Nova rodada do Nubank
O Startups revelou, em primeira mão (sério, não se deixe enganar!), que o Nubank levantou uma nova rodada de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão levando em consideração a data em que a rodada foi registrada). No documento enviado à SEC, a companhia registrou 5 participantes na rodada.
Os nomes dos investidores não foram revelados, mas as indicações são de que se tratou de um “trabalho interno”, com recursos vindos dos atuais sócios. Na lista de quem já aportou recursos no neobank estão Sequoia Capital, Kaszek, Tiger Global, Founders Fund, DST Global, Ribbit Capital e a chinesa Tencent.
A posição da companhia foi de não comentar o movimento.
Tá, mas e daí?
No primeiro semestre, o
Nubank
ampliou em 16% as reservas para se defender do aumento da inadimplência trazido pela pandemia. Agora, reforça eu caixa com R$ 1,6 bilhão. Sinal de preocupação com os rumos da economia, ou preparação para uma nova fase de crescimento? Leia mais
aqui
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Rodadas de investimento
A beautytech JustForYou, que usa inteligência artificial para criar fórmulas personalizadas de shampoos e condicionadores, recebeu um aporte do Neuron Ventures, fundo de corporate venture capital do laboratório Eurofarma. O valor do aporte não foi revelado. Os recursos captados serão usados para o aumento do portfólio de produtos, ampliação do laboratório, ações de marketing e atendimento aos clientes.
A CyberLabs, empresa de inteligência artificial de Marcelo Sales, fundador da nTime – que se juntou com a Compera, do Fabrício Bloisi, e deu origem à Movile – levantou R$ 28 milhões com a Redpoint eventures. Os recursos serão usados para reforçar a estratégia comercial e aumentar o número de desenvolvedores.
A Kestraa, que atua com comércio exterior, levantou uma rodada de R$ 15 milhões com a Canary e investidores-anjo.
A startup Asksuite, de Florianópolis, que desenvolve uma plataforma de vendas diretas e atendimento para hotéis, recebeu um aporte de R$ 4 milhões do fundo Abseed. Os recursos serão aplicados em melhorias no produto e na internacionalização da empresa.
A Origin, startup ajuda as pessoas a organizarem sua vida financeira criada pelo brasileiro João de Paula nos EUA, levantou US$ 12 milhões em uma série A liderada pelo fundo Felicis Ventures. A companhia não tem planos imediatos de vir para o Brasil, mas tem contratado desenvolvedores no país por conta do custo mais baixo.
Novos fundos
A Parallax Ventures, do ex-B3 Fabio Dutra, vai ampliar sua atuação e criar um novo fundo dedicado a startups da área de saúde. A ideia é levantar mais de R$ 100 milhões com empresas do setor que queiram se conectar a esse mundo mas não têm os recursos para criar estruturas próprias. A Parallax também quer ampliar seu poder de fogo no segmento de fintechs, em até R$ 100 milhões seu fundo original destinado a fintechs – que conta atualmente com R$ 25 milhões e investiu em 7 empresas.
A SP Ventures, gestora de fundos de venture capital focada no agronegócio, fez um primeiro fechamento de um fundo para investimentos na América Latina. Os primeiros R$ 90 milhões foram captados com nomes como BASF Venture Capital, Syngenta Ventures, FoF Capria (que possui investidores âncoras como Bill Gates, Paul Allen e a Ford Foundation) e o BID Labs, braço de Venture Capital e inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A expectativa é ter um fundo de R$ 300 milhões.
João Zecchin, Guilherme Hug e Alexis Terrin montaram a Fuse Capital, uma gestora sediada no Rio (pra variar um pouco) que pretende levantar US$ 25 milhões para investir na compra de participação e também dívidas de startups.
Novo investidor na área
Pouco mais de um ano depois da venda da PicPay para o banco Original, um dos três fundadores da fintech, Diogo Roberte, está deixando a companhia. Dárcio Stehling e Anderson Chamon seguem na operação. A ideia de Roberte agora é se dedicar aos investimentos em startups.
Sonho latino
Depois de seu primeiro investimento na América Latina – a mexicana Yalochat -, o brasileiro Eduardo Saverin falou sobre suas expectativas para a região.
Do céu ao inferno
Os recursos aportados por investidores anjo em startups brasileiras ao longo de 2019 passou de R$ 1 bilhão, um crescimento de 9% em relação a 2018, segundo pesquisa feita pela Anjos do Brasil. É a primeira vez que o total de recursos supera a marca de R$ 1 bilhão desde que a rede de anjos começou a fazer o acompanhamento anual do mercado, em 2010. A expectativa pra 2020 é tenebrosa: queda de pelo menos 10%.
Aquisições
A Avenue, corretora criada pelo ex-XP Roberto Lee nos EUA para ajudar brasileiros a investir no país, comprou a Coin DTVM. Com o negócio, que não teve valor revelado, ela passa a atuar também no Brasil. A operação aguarda aprovação do Banco Central.
O Magalu fez sua quinta aquisição na área de tecnologia no ano. O novo alvo foi a Stoq, uma startup de São Carlos que atua de forma parecida com a Stripe, com sistemas e equipamentos para pagamento em pontos de venda. As tecnologias da Stoq serão oferecidas dentro do Magalu as a Service (MaaS), um pacote oferecido aos parceiros da rede, ampliando seu alcance para o mundo físico.
A mexicana Kavak, que é do portfólio da SoftBank, comprou a argentina Checkars para fincar sua bandeira no país, que é o terceiro maior mercado de carros usados da região – atrás do Brasil e do México. A expectativa é investir US$ 10 milhões por lá nos próximos dois anos. Há planos de avanço para o Brasil. Só precisa ver com a Volanty, que também é SoftBank.
História de unicórnio
Paulo Veras, fundador da 99, lançou “Unicórnio verde-amarelo: Como a 99 se tornou uma start-up de um bilhão de dólares”. O livro conta a história do aplicativo – começando pela quase falência em 2016 e detalhando as tratativas para venda para a chinês DiDi - mesclada com a biografia do próprio Veras.
85%
Falando em 99, a companhia anunciou que já opera com 85% do nível de demanda pré-pandemia. O movimento está sendo puxado em parte pelas classes C/D que ampliaram o uso da plataforma em busca de opções mais acessíveis e que evitam a aglomeração (muitas empresas estão pagando transporte por aplicativo para seus funcionários). Em São Paulo, por exemplo, o quartil de renda mais baixa ampliou 32% o uso do app na comparação entre fevereiro e julho deste ano, segundo a 99.
Tem como dar certo?
O aplicativo brasileiro Sity, que concorre com Uber, 99 e Cabify, começou um ambicioso processo de expansão, passando de 12 para 104 cidades atendidas.
Tipo PIX
O Guibabolso (Oi Sumido!) lançou uma nova funcionalidade de transferência de recursos entre pessoas. Mas isso não acontece por uma carteira ou conta digital. A transferência é, na verdade, uma compra feita por um cartão de débito cadastrado no aplicativo. Apesar de antecipar o conceito de pagamentos instantâneos do PIX, a fintech diz que vai se enquadrar ao modelo quando ele estiver disponível a partir de novembro.
Quase banco
A fintech de pagamentos iugu recebeu aprovação do Banco Central (BC) para se tornar uma instituição de pagamentos (IP). Com isso, ela amplia o leque de serviços oferecidos, incluindo TED, pagamento de boletos e tributos através da própria plataforma, além de uma opção de cartão pré-pago. A iugu tem 50 mil usuários ativos, a maioria pequenas empresas.
Conta e carteira digital pra quem mesmo?
Ao adotar uma abordagem de comunicação única e com características mais voltadas ao público jovem, bancos e fintechs deixam de atingir de forma eficiente um público mais velho, que ainda tem o dinheiro em espécie e o cartão como meios de pagamento mais usados. Na avaliação de Rafael Zenorini, fundador e presidente da Refinaria de Dados, é preciso adotar estratégias customizadas de comunicação.
Delivery direto do Google (parte 2)
As gestoras de shoppings Multiplan e BR Malls anunciaram que o Delivery Center, aplicativo do qual são sócias, fechou um acordo com o Google para que restaurantes instalados em seus empreendimentos possam aceitar pedidos diretamente do mecanismo de busca e dos mapas da companhia. O novo serviço por meio é chamado de Google Food Ordering. Na semana passada, a companhia já havia anunciado essa opção em parceria com a Onyo.
Crédito em alta
A Creditas atingiu a marca de R$ 1 bilhão em operações de crédito em julho. O montante é 2,2 vezes maior que o apurado em agosto do ano passado. Até o fim do ano o total pode chegar a R$ 1,6 bilhão. Em termos de receita, a companhia somou R$ 260 milhões nos 12 meses até junho.
LGPD quase lá
O Senado derrubou a proposta do Governo de adiar o início da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No mesmo dia, o Governo publicou o decreto que cria a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a “guardiã” da LGPD. A aplicação das sanções previstas na LGPD só acontecerá a partir de 3 de agosto. Com a aprovação do Senado, o texto da MP convertido em Projeto de Lei (PLV 34/20) e aguarda sanção de Jair Bolsonaro. O prazo para aprovação ou veto é de 15 dias úteis. A avaliação é que mesmo se houver veto a itens do PL, nada muda para a LGPD e ela começa a valer.
SAP para pequenos negócios (really?)
Em mais um esforço para tentar ganhar (algum) espaço entre empresas de (muito) menor porte no Brasil, a SAP fechou um acordo com a MarketUP para vender software ao varejo. A companhia brasileira que atua com sistemas de frente de caixa, vai atuar como uma espécie de revenda da gigante alemã, integrando o sistema de gestão dela ao seu pacote.
Novo normal com escritório maior
O Facebook liberou seus funcionários para trabalharem de casa para sempre, mas nem por isso a companhia parece interessada em reduzir o espaço que usa de escritórios. Pelo menos em São Paulo. A companhia alugou 30% do recém-inaugurado edifício B32, um prédio de escritórios na esquina da Rua Leopoldo Couto de Magalhães com a Avenida Faria Lima. Ainda não se sabe se a companhia vai deixar o espaço que ocupa atualmente na um pouco mais pra cima na mesma rua.
Nova contratação
Guilherme Lima (ex-Gol, Linx e ACE) se juntou à Astella. Ele ficará responsável por encontrar novas startups para investimento, criação de conteúdo para empreendedores e vai cuidar da rede de profissionais no portfólio da gestora.
Bem afortunado
Fundador e CEO da Amazon, Jeff Bezos chegou nesta semana a um patrimônio pessoal de US$ 200 bilhões. Bezos sozinho equivale à soma das quatro maiores empresas listadas na B3: Vale (US$ 61,5 bi), Petrobras (US$ 56,3 bi), Itaú Unibanco (US$ 48,7 bi) e Ambev (US$ 42 bi) – by Luiz Claudio Allen. O marco foi alcançado por conta da valorização das ações da Amazon em meio à pandemia. A companhia é a segunda mais valiosa dos EUA (US$ 1,7 trilhão), atrás apenas da Apple (mais de US$ 2 trilhões).
Listagem direta
A SEC aprovou o projeto da NYSE de permitir que empresas façam listagens diretas com venda de ações no primeiro dia de negócios (oferta secundária). Até então, apenas os investidores atuais podiam vender suas ações (oferta secundária).
Leitura recomendada
A Julie Ruvolo, da EMPEA, escreveu um artigo discutindo as ambições globais de aplicativos chineses como o TikTok, versus as tensões geopolíticas e possíveis impactos para investimentos cross-border.