CODEX nº0 - Uma semana bem agitada
O CODEX tem como proposta fazer um resumo do que aconteceu no mundo das startups e de venture capital na semana que passou, chegando na sua caixa toda segunda pela manhã
A semana passada começou e terminou movimentada com rodadas de valores expressivos no Neon e na VTEX.
Na segunda-feira, o Neon anunciou uma quase mega-rodada: R$ 400 milhões – a maior série B do país, superando os R$ 300 milhões da Buser. O aporte foi feito pelo fundo General Atlantic e pelo Banco Votorantim.
O fundo americano é um dos principais investidores da XP, tendo colocado recursos na corretora que está às vésperas de uma oferta de ações bilionária na Nasdaq em 2012 e 2016.
Contexto: O Votorantim e o neobank se aproximaram no começo de 2018 logo após a intervenção do Banco Central que terminou com a liquidação do Pottencial (que tinha mudado seu nome para Banco Neon). O Votorantim, que não tem uma atuação de varejo tão significativa, tem investido bastante em dados e inovação e acaba de contratar o ex-Accenture Guilherme Horn para tocar a parte de estratégia digital e inovação.
Baba Baby
O Neon achou que seria o ponto alto da semana, mas o investimento de R$ 580 milhões (US$ 140 milhões) recebido pela VTEX em uma rodada liderada pela SoftBank roubou a cena.
Pois é, depois de um inverno nuclear - duas semanas sem nenhum anúncio pareceu uma eternidade! – a SoftBank voltou à ativa.
Com a grana, a empresa de software para comércio eletrônico ainda não se tornou um unicórnio - US$ 500 milhões a US$ 700 milhões de valuation parece um range apropriado -, mas ganha musculatura para acelerar o processo de expansão internacional que começou em 2011 e que hoje responde por mais de 30% da receita de R$ 180 milhões.
Contexto: A notícia deve ter gerado uma invejinha no pessoal da Naspers, que agora se chama Prosus, que em 2015 vendeu a participação de 27,7% por R$ 30 milhões para o fundo Riverwood porque a VTEX não se encaixava mais em sua tese. O retorno foi considerável, 36%. Mas podia ter sido maior!
Cheques menores
Como o mercado não é feito só de cheques gordos, a semana também teve movimentações interessantes em companhias menores.
A ULend levantou R$ 1,8 milhão em apenas 72 horas pelo EqSeed. Essa vem daquele velho ditado popular... quando a Selic baixa, o investidor se põe em marcha. Provavelmente, eu que inventei isso, mas a lógica é essa, a busca por investimentos alternativos. E com o crédito ainda caro na ponta para o consumidor, esse segmento vai continuar chamando atenção. Talvez mesmo depois com diferentes teses de concessão de crédito alternativas à do sistema financeiro tradicional.
No Recife, a NeuroUp recebeu um aporte de R$ 2,5 milhões do Criatec 3, fundo do BNDES gerido pela mineira Inseed. Foi o primeiro investimento do Criatec 3 no Nordeste. A NeuroUp foi criada em 2014 e desenvolve um equipamento que ajuda no controle da tensão muscular. “As pessoas treinadas são capazes de relaxar músculos como Trapézio, ECOM, Masseter, Temporal e Frontal, que são os mais recrutados em situações de estresse ou de elevada concentração”, diz o site da empresa.
Já a gestora Vitreo deu mais um tapa no mercado de canabis legal lançando seu segundo fundo de investimento na área, o Canabidiol Light. O novo fundo vai aplicar 20% dos recursos no fundo inicial, o Vitreo Canabidiol FIA IE, que por sua vez investe em ações e ETFs de empresas americanas e canadenses do setor. Os 80% restantes do Light irão para Tesouro Selic. A taxa de administração é de 0,056% e o investimento mínimo de R$ 5 mil.
Você tem fome de que?
A semana foi agitada também no mercado de aplicativos de entrega de comida, com movimentações do Rappi e do iFood e a chegada de um novo nome para brigar pela atenção dos consumidores.
A Rappi trouxe para o Brasil seu coworking de cozinha, ou dark kitchens. O conceito prevê uma estrutura compartilhada para que os restaurantes tenham operações mais próximas aos consumidores sem ter que arcar com os custos de manter lojas para atendê-los. A meta é 100 unidades em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Fortaleza até o fim de 2019. O unicórnio colombiano já tem 200 dark kitchens na Colômbia, México, Chile e Argentina, e irá abrir em breve no Peru, chegando a 300 dark kitchens em 2019.
E se já não bastasse iFood, Uber Eats e Rappi disputando esse mercado, a Didi decidiu apimentar as coisas e anunciou a chegada do 99 Food. A companhia não deu detalhes de cidades, ou data de estreia, mas informou que pretende atuar no Brasil e no México.
Daí o iFood anunciou que Fabrício Bloisi, fundador e presidente da Movile, vai acumular também a presidência do aplicativo. Ele vai substituir Carlos Moyses, que passa a se dedicar à expansão internacional do serviço.
Contexto: O iFood, que é o principal nome no mercado está presente em apenas 882 cidades – lembrando que só o Brasil tem 5.570 municípios. A companhia faz mais de 20 milhões de entregas por mês, enquanto o Uber Eats tem de três a quatro milhões e o Rappi 1,5 milhão – só em comida, com outros tipos de entrega o número vai a 2,2 milhões. Isso significa que a briga está apenas no começo!