CODEX nº 8 – Freio de arrumação
Quer acompanhar o que acontece no mundo das startups e do venture capital no Brasil mas não tem tempo? O CODEX combate essa sensação de que você está perdendo alguma coisa com um compilado do aconteceu nesse mercado que chega à sua caixa às segundas.
O ajuste das operações parece ser a cor da estação na startuplândia. Depois de Rappi e Lime, a Grow Mobility – dona da Gin e da Yellow – reduziu o número de cidades atendidas e o quadro de funcionários, e disse estar em busca de parcerias públicas e privadas para “fortalecer e expandir suas operações”.
Para nenhum habitante do condado ficar triste, com um possível racionamento de patinetes, o Uber conseguiu licença da prefeitura de São Paulo para operar na cidade.
Sob um contexto diferente, quem também deve fazer mudanças é o Nubank. A ida dos fundadores Dabid Vélez e Cristina Junqueira para o conselho seria um passo do amadurecimento do decacórnio.
A semana ainda teve novos aportes (como não poderia deixar de ser) a publicação da lista de fintechs candidatas a unicórnios e o resultado dos investimentos em venture capital no Brasil em 2019: US$ 2,7 bilhões.
Boa leitura e uma ótima semana!
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Cachorro de muito dono...
Criada com a fusão da mexicana Grin e da brasileira Yellow em janeiro de 2019, a Grow Mobility enxugou suas operações no Brasil na semana passada. A companhia anunciou sua saída de 14 cidades, ficando apenas em São Paulo, Rio e em Curitiba.
E as três cidades só vão contar com os patinetes, já que o serviço de bicicletas está suspenso enquanto a companhia avalia as condições da frota. A companhia não disse como ficará a operação nos outros seis países em que opera na América Latina.
Com presença reduzida, a companhia fez demissões: um total de 600, ou cerca de metade de seu quadro. Em comunicado, a companhia disse que está trabalhando com uma consultoria de RH para ajudar a recolocar os demitidos.
É bem possível que muitos desses profissionais acabem indo trabalhar na Uber. A companhia, que lançou seu serviço de patinetes em Santos (SP), em dezembro, conseguiu licença da prefeitura de São Paulo para operar na cidade.
Tá, mas e daí? Em um ano, o mercado de patinetes e bicicletas compartilhadas foi da promessa à desilusão no Brasil. Reflexo de um mercado competitivo, que exige investimentos altos, mas também dos bons e velhos problemas de gestão - que, pasmem, nem mesmo as empresas mais disruptivas e inovadoras estão a salvo. Desentendimentos entre os sócios mexicanos e brasileiros criaram um ambiente de duas empresas convivendo sob um mesmo teto, que deixou a Grow sem foco e com um clima de insatisfação interno. Esse cenário também afastou um aporte da SoftBank que a companhia precisava para continuar financiando sua operação. A companhia vinha tentando modelos alternativos de geração de receita, como o serviço de assinatura e a carteira digital. Mas as iniciativas ainda estavam muito incipientes. Se a reestruturação será suficiente para manter o negócio rodando ainda não dá para saber. Mas o freio de arrumação da Grow pode servir de exemplo para que outras companhias melhorem sua governança e evitem “perder para si mesmas”. O que você acha? Participe da conversa no CODEX Debate.
Para o alto e para a direita
O Nubank chegou à marca de 20 milhões únicos de clientes. O número é dividido em 12 milhões de seu produto original o cartão de crédito de cor roxa, e 17 milhões da conta digital, lançada em 2017.
A soma dos dois é maior que 20 milhões por conta dos clientes que usam os dois produtos. A meta é chegar a 30 milhões até o fim do ano, sendo uma pequena parcela vinda das operações no México e na Argentina, iniciadas em 2019.
O neobank também se filiou à Associação Brasileira das entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima, o que significa que ela poderá com produtos de investimento no futuro – a empresa já tinha liberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como gestora desde 2018.
Em breve, a companhia pode anunciar mudanças no seu comando, com os fundadores David Vélez e Cristina Junqueira sendo substituídos no dia a dia da operação por nomes de mais experiência no mercado financeiro.
Tá, mas e daí? Com a marca atual, o Nubank tem cerca de um terço dos clientes dos do Itaú e do Bradesco, uma marca considerável para uma empresa com sete anos de vida. A tendência é que o número acelere na medida que o banco, ops, neobanco, lança mais produtos – e fica cada vez mais parecido com.... um banco!
Se está difícil contratá-los, compre-os!
Depois do Nubank, o iFood aderiu ao movimento de acqui-hire e anunciou a aquisição da mineira Hekima para ampliar sua equipe de profissionais de inteligência artificial e ciência de dados. Serão mais 100 pessoas.
Tá mais e daí?
O Brasil tem mais de 12 milhões de desempregados, mas faltam profissionais qualificados para atuar na área de tecnologia –
as empresas vão precisar de 420 mil profissionais até 2024. Quem “manja dos paranauê” é disputado pelas empresas de tecnologia, startups, e agora também por companhias tradicionais que querem atuar como uma startup. Sob este cenário, comprar, fica mais fácil do que contratar individualmente.
Em primeira mão
A Fácil Consulta, de consultas mécidas agendadas online, levantou R$ 500 mil com a Wow Aceleradora e um grupo de anjos que inclui Paulo Silveira (Alura), Luiz Filipe (WallJobs). Os recursos serão usados para expandri sua atuação na região Sul.
Outras notícias
A Acesso Digital, de reconhecimento facial e identif, recebeu um aporte de R$ 40 milhões da e.Bricks. É o primeiro investimento do novo fundo da gestora, de R$ 400 milhões.
O “EdTech Minning Report”, da KPMG, mostra que o Brasil tem 434 startups de tecnologia na área de educação. A maior parte (41%) está em São Paulo e um quarto desenvolve “ferramentas para instituições”.
A brasileira Vuxx, um marketplace de transporte de cargas, está processando a chinesa Lalamove por roubo de informações estratégicas
A TradeMachine de investimentos automatizados (robo advisors) recebeu um aporte de R$ 2,2 milhões da Energhias
A Mais Mu, de alimentos saudáveis, levantou R$ 2,25 milhões pela plataforma de equity crowdfunding Kria em sua primeira rodada pública de investimento
O Guiabolso lançou o Guiabolso Connect, uma espécie de bureau de crédito, que vai fornecer informações de renda, gastos e saldo em conta corrente de seus mais de 6 milhões de usuários de forma agregada. A ideia é, dentro do conceito de open banking, ajudar empresas financeiras a terem mais informação para análise de risco de crédito.
A marca de produtos de beleza Nivea lançou seu programa de relação com startups, o Desafio Nivea. As inscrições estão abertas até dia 17 de fevereiro.
Download
O Tracxn fez uma lista das fintechs brasileiras mais promissoras, ou o que a empresa chama de Soonnicorn Club. Entre elas estão nomes como Creditas, Neon, Guiabolso, Weel e ContaAzul.
Em 2019, US$ 2,7 bilhões foram investidos em venture capital no Brasil, um crescimento de 80% em relação a 2018. Foram 260 negócios, sendo a maior parte nos estágios pré-seed (38) e seed (87), segundo levantamento do Distrito Dataminer.
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