CODEX nº 7: Da importância de termos mais Exits
O CODEX tem como proposta fazer um resumo do que aconteceu no mundo das startups e de venture capital na semana que passou, chegando na sua caixa às segundas.
O “superciclo” de startups e venture capital no Brasil está entrando em sua segunda década. Foi no começo dos anos 2010 que empresas como Peixe Urbano, Easy Taxi, Hotel Urbano, 99 e iFood nasceram e chamaram a atenção de fundos e consumidores, abrindo às portas para tudo o que vivemos hoje.
De lá para cá, as coisas evoluíram muito rápido nas pontas dos usuários, dos empreendedores e dos recursos disponíveis para financiar novos projetos. Mas o número de exits, ou a venda de empresas e participações de sócios, ainda é baixo.
Por isso chamou a atenção essa semana o anúncio de duas saídas: a compra da Teravoz pela Twillio e da Supermercado Now pela B2W. Será que agora vai? Tudo indica que o momento chegou. Mas é esperar para ver.
Enquanto isso, aproveita as outras novidades da semana, que incluem aportes na Olivia e na Grão, de investimentos pessoais, a conta digital da EBANX entre outras.
Boa leitura e um ótima semana!
Tempo estimado de leitura: 13 minutos
O fim é o começo
A americana Twillio comprou a brasileira Teravoz para iniciar sua operação no país. Criada em 2014, a Teravoz fornece sistemas de atendimento para empresas como Nubank, Creditas e QuintoAndar. O valor da operação não foi revelado. A Wayra, braço de relação com startups da Telefónica, disse que teve um retorno de 30 vezes o capital investido em 2017.
O negócio foi o 6º exit do fundo Canary (sendo que duas operações foram “dentro de casa” com a Loft, uma de suas investidas). Diego Gomes, fundador da Rock Content, também era investidor.
Já a B2W comprou a Supermercado Now, um supermercado online que trabalha no modelo de marketplace com 30 redes. O valor da operação não foi revelado. A Supermercado Now não tinha dinheiro de fundos. “O modelo de negócios, de comprovado sucesso em outros países, possui grande oportunidade de crescimento no Brasil e permitirá à B2W expandir sua presença na categoria de supermercado, abrindo uma nova frente de crescimento e oferecendo um sortimento ainda mais completo para os mais de 16 milhões de clientes ativos da companhia”, escreveu a B2W em comunicado.
Por que isso importa? Saídas são um termômetro importante do dinamismo do mercado. Ter um horizonte de venda deixa investidores e empreendedores menos “cabreiros” com suas apostas e fomenta a realização de novos negócios. Com fundos de investimento criados há 7, 10 anos chegando ao fim de seus prazos de duração a tendência é que o movimento de saídas se acelere de 2020 em diante. Mais facilidade para aberturas de capital na B3, ou mesmo a criação de novas bolsas seriam bem-vindas. Mas isso não deve caminhar tão facilmente.
Nova conta digital na praça
O unicórnio brasileiro dos pagamentos, a EBANX, entrou no mundo das contas digitais. O serviço, batizado de EBANX GO, está em fase de testes com 10 mil pessoas e estará disponível abertamente no segundo semestre de 2020. O cartão pré-pago com bandeira Visa pode ser administrado por um aplicativo e traz como principal benefício um cashback de 5% nas compras feitas em empresas que são atendidas pela EBANX, como AliExpress e Spotify.
Por que isso importa? A expansão da atuação da EBANX do atendimento a empresas para prestar serviços para pessoas é um passo natural. Se de varejistas a montadoras, todo mundo que virar fintech, porque uma empresa que já é de pagamentos não faria isso? A ideia de criar um incentivo para as empresas que empresas que já são clientes de pagamentos pode ser um diferencial interessante, mas tênue. O Uber, por exemplo, é cliente EBANX e tem sua carteira digital. Vai querer participar? Ou mesmo ter como fornecedor um “concorrente”?
Money, money, money, must be funny…
Um ano depois de fazer sua primeira rodada de investimento, a Olivia levantou mais R$ 25 milhões. Os recursos investidos pelo banco BV (antigo Banco Votorantim) e pelo fundo BR Startups (gerido pela MSW Capital, que tem como sócios a Microsoft e o próprio BV). A ideia é usar o dinheiro para financiar a expansão no Brasil. A Olivia é uma startup de educação financeira que atua como uma espécie de gerente digital. Ela olha as contas cadastradas pelo usuário e dá dicas de como gastar melhor o dinheiro.
Também no mundo do melhor uso do dinheiro, a Diin, que agora se chama Grão, recebeu um aporte de valor não revelado em uma rodada liderada pela Astella, que contou com a participação da Vox Capital e da Domo Investimentos. A empresa, que diz ter captado R$ 7,5 milhões desde sua fundação em 2018, vai usar o dinheiro para ajustes no serviço – uma plataforma de investimentos com aportes que começam em R$ 1.
Por que isso importa? A queda nos juros (sempre ela!) cria um cenário positivo para uma mudança na forma como o brasileiro lida com o seu dinheiro. Poupança e renda fixa deixam de ser o destino certo para o soado dinheirinho e abrem espaço para a renda variável e até investimentos em startups, porque não? Por isso, nomes de finanças pessoais, como o GuiaBolso, que já estavam em evidência, tendem a ganhar mais destaque.
Outros negócios
A Rappi fez um acordo com a Linx pelo qual os varejistas que usam o Linx Omni OMS terão seus produtos listados e entregues no aplicativo. Nike, Centauro, Boticário, Drogaria São Paulo, Hering, Alpargatas e Vivara são algumas das marcas que usam o Omni OMS.
A pernambucana In Loco anunciou o início de suas operações nos EUA com a abertura de escritórios em San Francisco e Nova York. Para tocar as operações, André Ferraz, fundador e presidente da companhia se mudou para Palo Alto, na Califórnia. Os R$ 48 milhões investidos na empreitada fazem parte da rodada Series B de US$ 20 milhões liderada pelo Valor Capital, com participação do Unbox Capital, da família Trajano, que a companhia recebeu em meados do ano passado. A Prosus (spin off da Naspers) é o maior investidor da In Loco.
A fintech curitibana Juno, que passou de R$ 500 milhões processados por ano em 2018, foi autorizada pelo Banco Central a se tornar uma instituição de pagamento. Ao todo, 20 companhias têm esse selo no país.
O governo quebrou a exclusividade dos bancos e liberou os pagamentos à Receita Federal via fintechs, o que cria uma nova possibilidade de geração de receitas e serviços para elas.
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Análise da atuação de bancos digitais no Brasil e no mundo feita pelo boostLAB, do BTG, e pela ACE.
O CB Insights fez um guia dos fundos de venture capital mais ativos dos EUA em 2019.
O CB Insights (sempre ele) também soltou um estudo feito com a PwC sobre o mercado global de Venture Capital.
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