CODEX nº 3 – O criador de unicórnios
O CODEX tem como proposta fazer um resumo do que aconteceu no mundo das startups e de venture capital na semana que passou, chegando na sua caixa toda segunda pela manhã.
Com shoppings e ruas cheios de consumidores ávidos por reaquecer a economia e, de quebra, alegrar amigos e parentes queridos, a SoftBank fez um balanço de seu quase um ano de operação na América Latina. O Canary, do Julio Vasconcellos, apresentou seu segundo fundo e a Grin realizou o sonho de boa parte dos Faria Limers: lançou um plano de assinatura para seus patinetes e bicicletas.
Boa leitura e uma ótima semana!
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Unicórnios para todos os lados
Em menos de um ano de operação na América Latina, a SoftBank fechou 19 negócios (sendo que 4 não foram divulgados publicamente) e comprometeu entre R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões de seu fundo de US$ 5 bilhões. Traduzindo: aplicou menos da metade do que destinou para a região.
Dos aportes que a companhia fez, 4 deram origem a unicórnios (Gympass, QuintoAndar, Rappi e Loggi), o que turbinou a lista da região para 11 e deu à SoftBank o título de criador de unicórnios do ano!
Contexto: O fundo da SoftBank sacudiu o mercado pelo seu tamanho, e fez a roda, que já estava girando num ritmo interessante, ir ainda mais rápido. Especialmente porque investidores locais resolveram entrar de vez no jogo, colocando parte de seus recursos em novos fundos de venture capital. A promessa da SoftBank para 2020 é fazer menos operações, mas com cheques maiores, o que pode levá-la ao bicampeonato.
Voa canarinho, voa
A Canary - gestora de venture capital criada por Julio Vasconcellos (Peixe Urbano), Florian Hagenbuch e Mate Pencz (Printi e Loft), Marcos Toledo e Patrick de Picciotto, (M Square Investimentos) - anunciou a captação de seu segundo fundo, no valor de US$ 75 milhões.
Desde que foi criada em 2017, com um fundo de US$ 45 milhões, a Canary investiu em 57 empresas em rodadas seed e de série A, com cheques entre US$ 250 mil e US$ 15 milhões. Na lista estão empresas como Buser, Gupy, idwall, Loft e Volanty. A expectativa é investir em pelo menos mais 50 empresas com o novo fundo.
Contexto: Com US$ 120 milhões sob gestão – quase R$ 500 milhões nas atuais condições de cotação da moeda do Mr. Trump – a Canary se firma como um dos principais investidores em venture capital no Brasil. E não só em termos de recursos. O canarinho também registrou 6 vendas, um resultado considerável para um período tão curto.
Pedala, pedala, pedala
A Grin lançou um plano de assinatura batizado Grin Prime. Com R$ 15 mensais é possível alugar patinetes e bicicletas sem pagar a taxa de desbloqueio (R$ 3 para patinetes e R$ 1 para bicicletas) e pagando apenas o preço da viagem (R$ 0,05 0 minuto para bicicletas e R$ 0,50 nos patinetes). A modalidade só está disponível em São Paulo (pode ficar feliz, Faria Limer!).
Contexto: Serviços de mobilidade e microbilidade são bacanas pra quem quer se mostrar antenado, mas ainda precisam se provar economicamente. Por isso, explorar novas alternativas de receita é um passo fundamental. Um concorrente da Grin, a Lime, disse recentemente que espera apresentar resultado operacional positivo em 2020. A ver.
Vinde a mim as startups
A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) criou um programa para atrair startups.
Batizado de ABES Startup Internship Program, ele prevê que por um período de 6 meses, companhias novatas terão acesso a serviços oferecidos por ela aos seus associados, como a participação em comitês (regulatório, tributário, de inovação e de LGPD, entre outros), acesso a pesquisas de mercado, informações sobre linhas de fomento e financiamentos governamentais e consultoria jurídica.
As startups também poderão aderir ao plano de saúde em grupo administrado pela Bradesco Saúde. Isso estará disponível para empresas que estiverem em incubadoras, aceleradoras, ou tiverem investimento de fundos que participarem do programa, como a Startup Farm.
Contexto: Mais um sinal de como as startups entraram no radar de nomes tradicionais do mercado. Companhias que atuam no modelo B2B talvez tenham especial interesse em uma aproximação com a ABES para ajudar a desbravar mercado.
Plano nacional de inteligência artificial
Um tema não diretamente relacionado ao universo de venture capital, mas que pode impactar a forma como as companhias atuam no Brasil foi o lançamento da consulta pública para criação do Plano Nacional de Inteligência Artificial. O que o governo apresentou não foi um texto pronto, mas uma série de pontos s serem debatidos pela sociedade. A consulta vai até dia 31 de janeiro.
Contexto: O Brasil perdeu a chance de estar ne frente em várias ondas tecnológicas nas últimas três décadas. Já estamos para trás quando se fala em inteligência artificial, mas ainda dá tempo de encaixar o país nesse cenário de uma forma mais estratégica. O desafio é tocar isso em conjunto com todas as questões políticas que nos assolam e que sempre parecem mais importantes do que pensar em um projeto de desenvolvimento de longo prazo.
Outros negócios
A Creditas vai disputar o agora aquecido segmento de gestão de reformas residenciais. A fintech já financiava esse tipo de projeto, e decidiu ampliar sua atuação prestando um novo serviço, que sairá de graça pra quem pegar um empréstimo com ela.
A Redpoint eventures fez um aporte de valor não revelado na Nobli, uma fintech de crédito pessoal nascida como projeto no Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift), do Banco Central que está em estágio pré-operacional.
A Zetra, fintech de serviços financeiros para funcionários de empresas, recebeu um aporte de R$ 20 milhões da Confrapar. Os recursos serão usados para expansão internacional do serviço de antecipação de salário SalaryFits.
A Agrointeli, que faz a integração de dados do setor agrícola para ajudar pequenos e médios produtores a tomarem decisões, recebeu um aporte de R$ 520 mil da ACE e da GVAngels. A ideia é usar o dinheiro para acelerar a expansão pelo Brasil e crescer na faixa de 30% ao mês ao longo de 2020.
A startup de educação DreamShaper, que desenvolve um sistema on-line que complementa o ensino em sala de aula com projetos definidos pelos professores, recebeu um aporte de 2 milhões de euros do fundo europeu Alpac Capital. Os recursos serão aplicados na operação brasileira e para expansão para na Europa.
O Global Founders Capital (GFC), dos fundadores da Rocket Internet, fez um aporte de valor não revelado na marca de roupas brasileira Oriba. Lançada em 2014, ela tem um site e 3 lojas em operação em São Paulo. Com o aporte, pretende abrir pelo menos mais 5 lojas físicas em 2020, sendo 2 fora da capital paulista.