CODEX nº 2 - A new unicorn is born!
O CODEX tem como proposta fazer um resumo do que aconteceu no mundo das startups e de venture capital na semana que passou, chegando na sua caixa toda segunda pela manhã
Excepcionalmente esta semana a news segue na quarta. Parece que com o fim do ano chegando todo mundo quis concluir ou anunciar as negociações que estavam em curso nos últimos tempos e a semana foi bem cheia. Por isso também a edição está bem longa.
Teve de tudo: exits (Ame, da B2W comprou a Courri e a Pedala), investimento da SoftBank – sim, duas semanas seguidas, she´s Back baby! - no México, captação de fundo de investimento imobiliário na Loft, ClassPass chegando ao Brasil para disputar mercado com a Gynmpass (que tenta ganhar espaço na terra do Tio Sam) e até um novo unicórnio inesperado, o estúdio de jogos Wildlife Studios. Boa leitura e um ótimo resto de semana!
Baby unicorn
Nenhuma lista de possíveis unicórnios brasileiros ou mundiais jamais trouxe a Wildlife Studios como uma candidata a um lugar no panteão das empresas mais valiosas da atualidade. Mas o estúdio de jogos para celulares paulistano atingiu essa marca em uma rodada de investimento liderado pelo badalado Benchmark Capital – cuja equipe certamente não vai receber cartões de Natal do fundador do WeWork, Adam Neumann.
O aporte foi de US$ 60 milhões, com um valuation de US$ 1,3 bilhão para a companhia que nasceu há nove anos. Também colocaram dinheiro nessa rodada Javier Olivan, executivo do Facebook; Ric Elias, co-fundador e presidente da Red Ventures, Micky Malka, sócio da Ribbit Capital; Divesh Makan, sócio do ICONIQ Capital; e Hugo Barra, vice-presidente de realidade virtual do Facebook.
Com escritórios em Buenos Aires, Dublin, São Paulo, São Francisco, Orange County e Palo Alto, a Wildlife tem 500 pessoas e pretende chegar a 800 em 2020. A companhia já lançou 70 jogos.
Contexto: Faz tempo que o mercado de jogos deixou de ser coisa de criança. A estimativa é que chegue a US$ 152,1 bilhões em 2019. E o mundo dos celulares é o segmento mais promissor. Os chamados jogos casuais não exigem que o jogador sente em frente a uma tela com um equipamento específico para jogar. Basta sacar o telefone do bolso a qualquer momento e pronto. Isso ajuda também nas vendas, já que no afã de melhorar seu desempenho, ou passar de uma fase, o jogador fica mais aberto ao impulso de gastar alguns dinheiros para comprar itens.
Segundo a Wildlife só 10% dos jogadores fazem compras. O percentual é baixo, mas suficiente para pagar as contas e ter uma bela margem que justifica um valuation de US$ 1,3 bilhão sem múltiplos agressivos. A escala global dilui custos, o que ajuda. Entretanto, as barreiras de entrada para competidores são baixas e se manter em destaque exige investimento e porque não um pouco de sorte para ter os jogos certos no momento certo.
Exits
Durante encontro com investidores no Rio, a Ame, da B2W, anunciou a aquisição de duas startups de entrega, a Courri e a Pedala. Nenhuma informação adicional sobre as operações foi dada, mas os negócios tiveram como objetivo ampliar a rede de entregas da companhia em grnades cidades (o last mile)
Contexto: A logística é um dos grandes gargalos do comércio eletrônico brasileiro, com custo alto e prazos frustrantes para os consumidores. Por isso os investimentos dos varejistas e o surgimento de novas empresas de entregas. A coisa tem melhorado em São Paulo (na Black Friday minhas compras com o Amazon Prime chegaram em 24 horas sendo que o prazo era de 4 dias) mas pouco avanço tem acontecido no interior do país, que tem uma fatia menor do comércio eletrônico, mas é uma fronteira a ser desbravada até para que essa participação cresça.
Mercado imobiliário aquecido
A Loft concluiu a captação de seu segundo fundo imobiliário e adicionou R$ 216 milhões às suas reservas para comprar imóveis. Agora, o porquinho da companhia tem R$ 550 milhões disponíveis. Os recursos novos serão usados, segundo a companhia, para comprar pelo menos 1,2 mil imóveis em um prazo de dois anos. No pacote, vão entrar imóveis em São Paulo, onde ela está ampliando sua operação para novos bairros, no Rio, onde ela começa a operar em janeiro, em Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, onde ela chega ao longo de 2020 e também na Cidade do México, onde ela também desembarca em janeiro.
No segmento de aluguéis, a Mudeii anunciou um aporte de R$ 18 milhões do Grupo Foii, que atua nos mercados financeiro e imobiliário desde 2001. A Mudeii faz a intermediação de locação de imóveis por meio de um aplicativo. O contrato, o locatário faz um cadastro e recebe uma análise de crédito. Com o valor liberado ele pode procurar um imóvel e fechar o contrato com assinatura digital e reconhecimento facial.
Aliás, até agora, nada do Quinto Andar colocar no ar a opção de venda de imóveis anunciada há duas semanas.
Contexto: Repetindo um pouco do que já foi dito na edição da semana passada, com a expectativa de retomada da economia, recuperação de empregos e juros baixos, o mercado imobiliário começa a se aquecer para atender à demanda que tende a vir.
Saúde é o que interessa
A ClassPass, que atua em mais de 25 países e 2.500 cidades, desembarcou no Brasil. São quatro planos - R$ 99, R$ 199, R$ 299 e R$ 499 que garantem créditos para uso em academias em São Paulo e no Rio. Os créditos não usados em um mês acumulam para o mês seguinte. O primeiro mês é gratuito. Depois, quem fechar um dos planos e ainda indicar um amigo, ganha R$ 50 de crédito.
Contexto: No momento em que a Gympass reforça sua atuação nos EUA, a ClassPass chega ao Brasil. As duas companhias já captaram mais ou menos a mesma quantidade de dinheiro, US$ 300 milhões, mas a empresa brasileira já atingiu status de unicórnio. A ClassPass tem um foco no B2C, que a Gympass já tentou e não conseguiu desbravar, seguindo para o B2B. O mercado de fitness movimenta US$ 2,1 bilhões por ano no Brasil, e com os custos de planos de saúde nas alturas e a busca por hábitos de vida mais saudáveis, a tendência é de crescimento.
Crédito, crédito, crédito
Igor Senra e Leo Mendes, fundadores da empresa de pagamentos MoIP, que foi vendida para a WireCard em 2016, fundaram uma nova fintech, a Cora. Dessa vez para atuar na concessão de crédito para pequenas e médias empresas. Para financiar a empreitada eles levantaram US$ 10 milhões em uma rodada liderada pela Kaszek, que contou com participação da Ribbit Capital.
A Kaszek também participou com QED e Vostok Emerging Finance de um mega round (US$ 100 milhões) na mexicana Konfío, liderada pelo SoftBank. Ninguém falou de planos para trazer o negócio para o Brasil, pelo menos por enquanto.
A Migo, uma fintech Nigeriana, chegou ao Brasil com uma rodada de investimento de US$ 25 milhões liderada pelo Valor Capital. A empresa atua como um correspondente bancário oferecendo crédito que pode ser contratado pelo celular e ter parcelas pagas até com dinheiro em espécie.
Já a brasileira Rebel, que também é um correspondente bancário que faz empréstimos para pessoas físicas, levantou US$ 10 milhões com Monashees e FinTech Collective para reforçar seu caixa, investir em tecnologia em lançar novos produtos
Contexto: Essa é fácil. O setor financeiro brasileiro tem muitas coisas a serem melhoradas. Por isso, nos últimos seis/sete anos, quase 700 fintechs surgiram e levantaram dinheiro para atacar esses problemas. E apesar da queda da Selic, o crédito para o consumidor na ponta ainda não baixou tanto nos bancos tradicionais, o que abre ainda mais espaço para as fintechs. Com a retomada da economia, o consumo tende a voltar e as empresas a investir, o que vai exigir mais capital.
Outros negócios
A aceleradora tegUP, do grupo Tegma, investiu R$ 3,2 milhões na Rabbot, que automatiza atividades da gestão de frotas. Os redursos serão usados para investimento em tecnologia e contratação de pessoal. No mercado há três anos, a Rabbot atende empresas como Movida, Grupo Petrópolis e Porto Seguro. Esse é o segundo aporte da tegUP que já tinha colocado recursos na Frete Rápido, que liga varejistas, indústria e operadores logísticos a transportadoras
A Mimic, uma startup de cozinha como serviço, o crescente dark kitchen, recebeu um aporte de US$ 9 milhões liderado pela Monashees que teve participação da Canary e do Valor Capital. A ideia é abrir 10 cozinhas ao longo de 2020 em São Paulo. A primeira já está em operação no bairro de Pinheiros, zona Oeste da capital.
A Ingresse levantou R$ 90 milhões em uma rodada series C liderada pelo Endurance, Family office da família do fundador do banco BCN, Pedro Conde (que já investiu no Spotify, Rappi e Loggi), que teve participação da tiqueteira canadense Rival, do Grupo Globo (sem media for equity), eBricks, RK Partners qualcomm Ventures, Mercado Livre e teve uma parcela de venture debt feito pela Galápagos. Os recursos serão usados para aquisições e para a criação de um fundo que dará crédito a produtores de eventos.
A Hanzo, companhia paulistana que atua com serviços de engajamento de consumidores, recebeu uma rodada de investimento series A liderada pelo fundo americanao DotCapital que contou com participação do Start Path, programa de aceleração de startups da Mastercard. Com atuação no Brasil, Estados Unidos, Costa Rica e Europa, a companhia tem 30 pessoas e quer dobrar de tamanho em 2020 e triplicar até 2021.
A Glebba, crowdfunding de investimento no setor imobiliário, recebeu um aporte de R$ 800 mil da Bossa Nova. Os recursos serão usados para investimento em tecnologia e marketing. Em dois anos, a Glebba captou mais de R$ 3 milhões em quatro empreendimentos. Até o primeiro semestre de 2020, a expectativa é captar mais de R$15 milhões, em 12 empreendimentos.